12.2.14

My Favorite Demon XIV

Créditos da imagem à F.Y.S.M.
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Why?


O silêncio tomara conta do lugar onde estávamos. Eu não ouvia mais a voz de Marie, mas também não ouvia a de Sebastian. O cheiro de morte se fazia cada vez mais presente e, com isso, trazia à tona memórias até então esquecidas... Memórias do acidente...

— Mamãe! — Eu chamava por ela na esperança de que isso fosse salvá-la, fazê-la se levantar de alguma forma...
Os choros e gritos de papai e mamãe se sobrepunham ao som do fogo que se espalhava rapidamente pelas salas e corredores da mansão. Eu corria em busca de ajuda, qualquer um que pudesse ajudar... Qualquer um...
Foi quando aquelas mãos frias e fortes me seguraram pela primeira vez, meus olhos embaçados pelas lágrimas encaravam o vermelho lascivo dos olhos à minha frente. O mordomo pessoal do meu pai que, por algum motivo, tinha sido expulso da mansão naquela mesma tarde agora me abraçava e passava a mão em meus cabelos. Ele, que sempre manteve certa distância da filha de seu mestre, agora estava ali, tão perto...
Naquele momento percebi que eu só tinha a Sebastian e ele sempre seria fiel a mim e somente a mim.

— My lady? — A voz de Sebastian me trouxe de volta ao presente, abri os olhos e encarei o vermelho agora gentil de seus olhos. Eram os mesmos olhos de tantos anos atrás...

— Sebastian...

Comecei, logo olhando para o lado e vendo o corpo mutilado de Marie. Ela parecia ter sido atacada por um animal selvagem: o que restara da cabeça estava jogado para longe do corpo, que estava igualmente agredido. Botei a mão na frente da boca, tentando controlar a ânsia de vômito que a cena me causara... Sebastian tinha mesmo feito aquilo?

— Não olhe, por favor, my lady... — Sebastian chegou mais perto de mim, abraçando-me e me virando para o outro lado para tirar “aquilo” do meu campo de visão. — Não quero que a senhorita veja algo tão repugnante, ainda mais tendo isto sido feito por mim.

As mãos de Sebastian estavam molhadas. Sentia meu vestido ficar umedecido onde ele estava tocando... Passou pela minha cabeça a imagem das mãos dele sujas de sangue, as mãos que destroçaram um corpo com tamanho ódio há poucos minutos e agora me abraçavam tão gentilmente.
Muitos poderiam achar isto nojento e repugnante mas... Eu não.
Sebastian era um demônio, não importa o quão gentilmente ele me trate ou quão doces sejam seus olhos... No fim, esta era a natureza dele. Mas, mesmo sabendo disso, senti meu coração falhar uma batida tão logo senti os braços dele ao meu redor.
Ele era o único em quem eu confiava e com quem eu sabia que sempre estaria segura...

— Obrigada — Suspirei, deixando todo o cansaço que vinha segurando tomar conta de mim e me levar “para os braços de Morfeu”.

Antes de pegar no sono por completo, lembro-me vagamente de sentir os lábios frios de Sebastian em minha testa. O frio daquele toque arrepiando-me de leve enquanto eu ia perdendo a consciência aos poucos.



Minha cabeça doía. Doía muito.
E o gosto estranho cada vez mais presente na minha boca me fazia ficar cada vez mais enjoada e com ânsias de vômito. O que quer que fosse aquilo em minha boca, era meio pastoso... Logo não aguentei e me sentei, cuspindo aquilo e tossindo em seguida.

— O-oh! My lady, a senhorita está bem?! — A voz preocupada de Marye saiu um pouco mais esganiçada que o normal, fazendo com que meus ouvidos doessem um pouco num primeiro momento.

Eu assenti enquanto terminava de despertar, logo senti um peso na minha cama, abri um pouco mais os olhos para ver que Alois acabara de se jogar praticamente em cima de mim.

— Até que enfim você acordou! Sabe como eu estava preocupado?! — Alois beliscou minhas bochechas enquanto fazia uma careta, logo se sentando e me encarando com uma expressão mais séria. Essa bipolaridade do meu primo era algo que eu nunca entenderia. —Como você está?

— Bom, estou viva — Só depois de dizer foi que me dei conta de que não tinha sido tão engraçada quanto imaginei.

Antes que tivéssemos tempo de dizer qualquer outra coisa, Sebastian entrou no quarto. Eu e Alois o encaramos por alguns segundos, até que meu primo se levantou, atraindo minha atenção novamente.

— Eu tenho que ir para a fábrica agora, estamos com dificuldades para escolher novos sabores para os lançamentos desta temporada... — Alois desabafou num suspiro, logo olhando em meus olhos. — Melhoras, Luna, e... — Ele olhou ligeiramente para Sebastian —...Cuidado. Vamos, Claude.

Só então percebi a figura esguia do mordomo de pé no canto do meu quarto, ele acompanhou Alois silenciosamente, desviando de leve do ombro de Sebastian quando passaram por ele.
Tão logo os dois saíram, Sebastian virou-se para Marye e pigarreou, atraindo sua atenção.

— A mesa já está devidamente arrumada para o jantar?

— N-não, mas eu já estava indo arrumá-la — Marye levantou-se apressada, quase derrubando alguns rolos de bandagem no chão. — S-se me dá licença...

Ela fez uma reverência atrapalhada e saiu apressada para cumprir a ordem de Sebastian. Ela, assim como os outros empregados, sentia um medo compreensível de Sebastian que, sabendo disso, era até um tanto sádico às vezes. Ele era responsável, como todo bom mordomo, mas às vezes expressava demais seu ar “demoníaco” e era cruel com os outros fazendo com que eu tivesse que intervir para evitar um assassinato sempre que algo não era feito com perfeição.

— Eu apenas cumpro com meu dever como mordomo da família Kyotsu — Ele fez uma pequena reverência — E me asseguro de que os demais empregados também cumpram com seu dever.

— Você podia ser um pouco mais gentil, não? — Suspirei, empurrando as bandagens que Marye tinha esquecido ao meu lado para longe.

— A senhorita sabe que algo assim é impossível para um mordomo como eu, my lady. — ele disse sério, fazendo eu me sentir tola por pedir tal coisa a um demônio. — E se é possível para um demônio ser gentil, toda a gentileza que um demônio é capaz de demonstrar... Toda a gentileza que seu servo é capaz de demonstrar...

Ele se aproximava da minha cama com passos lentos. Tão logo estava perto o suficiente ele se abaixou um pouco, de forma que seu rosto ficasse na mesma altura do meu e seus olhos pudessem olhar bem no fundo dos meus.

—...Toda ela é só para você.

Ele disse a última frase quase que num sussurro, segurando meu queixo com seu indicador e me impedindo de desviar o olhar.
Seus olhos me encaravam atentamente e seu rosto se aproximou mais um pouco do meu, eu já conseguia sentir seu hálito frio batendo contra meus lábios. Não conseguia me mover, minhas maçãs do rosto quentes e coradas expressavam os pensamentos que passavam em minha mente naquele momento e, talvez por isso, Sebastian sorriu. Um sorriso que eu não tinha classificado ainda mas era bem familiar...

— P-por quê...?

As batidas do meu coração pareciam ecoar pelas paredes do meu quarto, ou seria minha imaginação? Sebastian apoiou o joelho na cama, inclinando-se ainda mais e ficando mais próximo.

— Porque a senhorita é minha — A voz de Sebastian era baixa mas imperiosa, ele estava sério enquanto falava palavras tão possessivas para um mordomo. — Quero ser o único a ser tão gentil com você...

Eu cheguei para trás, tentando escapar dos lábios de Sebastian que estavam cada vez mais próximos dos meus. Eu queria sentir aquele formigamento novamente, queria sentir o que só Sebastian era capaz de causar em mim... Mas não, eu não podia me render assim às tentações de um demônio. Se decidisse me entregar, não teria volta.

De repente uma dor terrível atingiu meu peito. Eu fechei os olhos tentando controlá-la quando senti Sebastian erguer meu tronco levemente para ajeitar um travesseiro e me deitar sobre ele.

— A senhorita não deveria se mexer muito... Os curativos vão se soltar se fizer isso —Só então me dei conta da faixa que cobria um dos meus seios, o sangue se espalhava lentamente pelo tecido branco.

Toquei o curativo com a ponta dos dedos, fazendo uma careta por conta da dor que senti. Minha mão também estava enfaixada, além da unha perdida eu devia estar com mais ferimentos...
Suspirei, passando a mão pelos cabelos. Por que raios isso aconteceu comigo? De uma hora para outra ser raptada por uma SM e atacada desta forma... Eu era uma caçadora de SM's, eu que tinha que caçá-los, não o contrário. E... Sm's não “brincam” tanto com suas presas. Muito menos ficam tão interessados no passado delas...

Algo estava errado.

Olhei para Sebastian, ele assentiu em silêncio, já ciente do que se passava na minha cabeça. Ele me encarava pacientemente, talvez esperando que eu chegasse a uma conclusão ou pensando em sua própria.
Olhei pela janela observando o sol bater nas árvores ao redor da mansão... Como ela tinha entrado?
Como ela foi capaz de passar pelo faro de Pluto? Mais importante, como ela passou por Sebastian?
Não fazia sentido.

— Sebastian? — Bufei, ajeitando-me na cama enquanto me preparava, física e mentalmente, para o que estava prestes a dizer.

— Sim, my lady? — Ele tinha se levantado e estava de pé ao meu lado. Uma posição estranhamente formal comparada ao que estava fazendo antes.

— Arrume as coisas, vamos até ele.

2 comentários:

  1. Olá! Obirgada visitar meu blog!!!

    POde deixar, eu não estou tendo mais stalkers. É que tinha escrito pq queria comentar sobre o meu passado... Mas sempre teremos que tomar cuidado... u.u
    Ele me perseguiu pq não queria ficar sozinho, pois quando namorava comigo ele me disse que estava com vergonha de andar comigo pq os amigos dele zuavam na cara dele! Não entendi mais nada desse cara @_@ Afinal, o que esse cara queria de mim??

    Kiss!

    tsuki-no-shita.blogspot.com

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  2. Olá, Olá!
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